Japão aprova plano para ajudar operadora de usina a pagar indenizações
O governo japonês aprovou nesta sexta-feira um esquema de ajuda à empresa Tokyo Eletric Power (Tepco) para oferecer compensações financeiras aos afetados diretamente pela crise na usina nuclear de Fukushima, causada pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março.
O objetivo é criar uma espécie de fundo, que pode ser usado, por exemplo, em caso de outros acidentes nucleares.
Compensação
A decisão, que veio com um dia de atraso por causa de divergências dentro do partido governista, foi tomada após o pedido formal da Tepco na terça-feira. A empresa alegou problemas financeiros para compensar de forma "justa" os afetados pelo vazamento nuclear.
O valor total das compensações ainda não foi divulgado, mas analistas dizem que deve passar de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 161 bilhões). Cerca de 80 mil pessoas foram retiradas de suas casas em um raio de 20 quilômetros ao redor da usina nuclear de Fukushima.
O pior acidente nuclear do país também afetou agricultores, pescadores, o comércio e a indústria. Mas os primeiros a receber o dinheiro serão os moradores.
Responsabilidade
Em um comunicado divulgado pela imprensa japonesa, o governo diz que "oferecerá ajuda à Tokyo Electric Power para que a população sofra o mínimo possível". A ideia é que a Tepco, maior empresa de energia do país e que atende uma área correspondente a 33% da economia local, não vá à falência, o que causaria um prejuízo ainda maior ao Japão.
Além disso, o governo quer evitar aumentos nas contas de luz e, se possível, impedir que haja blecautes no verão. Em troca, a Tepco aceitou fazer uma drástica reestruturação na empresa. Entre as seis condições impostas, o governo pediu um corte profundo de gastos, não impor um teto máximo nas indenizações e aceitar uma investigação da gestão e do uso dos recursos.
"Esse esquema aliviará o medo de um distúrbio no mercado financeiro porque as ações e bônus dos investidores da Tepco estarão protegidos", disse à BBC Yasuhide Yajima, economista-sênior do Instituto de Pesquisas NLI, de Tóquio.
AP
Foto aérea de 20 de março de 2011 mostra reator 1 da usina nuclear de Fukushima, Japão
"Mas há muitas dúvidas sobre como o esquema vai funcionar, porque não sabemos exatamente qual é o total das compensações", acrescentou.
Estragos
Na quinta-feira, a Tepco divulgou que os estragos no reator nuclear na planta de Fukushima são piores do que se pensava . Há um novo vazamento de água altamente contaminada da cúpula que cobre o reator número 1, provavelmente por causa do dano decorrente do derretimento do combustível nuclear.
Depois do terremoto seguido de tsunami, os sistemas de resfriamento dos reatores pararam, superaquecendo o combustível. Houve explosão em prédios de quatro reatores, três dos quais estavam em operação no momento do tremor. Desde então, a operadora tenta recuperar o controle da usina. Trabalhadores continuam injetando água nos reatores, enquanto tentam restabelecer os sistemas de resfriamento.
A empresa tinha divulgado que levaria mais de nove meses para ter o controle total da usina. Mas, na próxima terça-feira, ela pretende divulgar um novo plano de trabalho, o que inclui uma revisão dos prazos.
Usina de Hamaoka
Enquanto a crise nuclear em Fukushima continua, a Chubu Eletric Power Co. começou o trabalho de desligamento da usina de Hamaoka , na Província de Shizuoka, atendendo ao pedido do governo japonês.
A planta está localizada em uma área considerada de alto risco de ocorrer um forte abalo sísmico nos próximos 30 anos. Dos cinco reatores, três já estão parados e, até sábado, a companhia disse que deve terminar o trabalho de desligamento total da usina. Para atender a demanda no verão, a operadora começou uma campanha para que os usuários economizem energia.
Fonte: Último Segundo
Link: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/japao-aprova-plano-para-ajudar-operadora-de-usina-a-pagar-indenizacoes/n1596949651607.html